domingo, 25 de março de 2012

Ciúmes???

Isabela não saiu da natação. Como em time que anda mal, trocamos o "técnico". Agora é a Lili quem leva a Peixinha Rosa pra piscina, já que comigo a coisa não estava funcionando. A nova "técnica" informa que está tudo às mil maravilhas, o time parece estar entrosado.

Não conto isso com ciúmes... tá, confesso: rola um ciúmezinho sim! O fato é que Isabela anda um grude com a mãe. Claro que sei que é muito natural, ficaria preocupado se fosse diferente, mas penso que é natural também o pai querer sentir-se necessário, etc. Custa à Pequena esperar ao menos uns cinco segundos antes de esticar os bracinhos para a mãe quando está no meu colo?

Sei também que chegará uma hora em que o pai será a bola da vez, o alvo de todo grude.

No trabalho, uma colega contou que chorou o dia que o filhote, de menos de 2 anos, chamou pra brincar. Ela foi. E ele: - Mamãe não, mamãe fica. Papai vem brincar!

Eu sei, ciúmes infantis de pais babões.

Tudo isso me recordou uma passagem que Carlos Drumond de Andrade escreveu em seu diário:

"Todas as noites, ao voltar do trabalho no Ministério, é minha filha que me abre a porta, e o faz com ar solene. Finge não me reconhecer, e cerca de precauções a identificação do recém-chegado. Hoje, em seu lugar, aparece meu sobrinho Virgílio, que passa as férias conosco. A filhinha escondera-se debaixo da mesa do escritório, como costumava fazer antigamente. Mas desta vez não foi, como antigamente, para se divertir com a minha busca pelos móveis e quartos. Foi em sinal de ressentimento porque o primo tomara a iniciativa de me receber. Não queria ser substituída. Queixou-se: 'Ele não é seu filho! Filho é que abre a porta para o pai...'"*

É, acho que ficaria meio ridículo eu demonstrar meu ciúme me escondendo debaixo da mesa quando, um dia, Isabela aparecer com um namoradinho lá em casa.

É isso, então.

Abraços paternais.

*Do livro "O Observador no Escritório", diário do próprio Drumond. Registro do dia 7 de janeiro de 1947.

2 comentários:

  1. kkk... no futuro, pelo que dizem meus colegas que possuem filhas, você será o Super-Herói, "o cara". Aí a mãe é que terá ciúme...

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    1. É o que dizem, Bruno. Exagerei na crônica pra dar certa dramaticidade ao fato, rs.

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